sábado, 12 de fevereiro de 2011

Significado Histórico do Salmo 23


Entendemos com essa explanação, que Davi falava com Deus como seu patrão, tendo em vista, que em sua narrativa, mostra profundo conhecimento na "profissão" de um pastor.


1- O Senhor é o meu pastor; nada me faltará.
A ovelha sabe, instintivamente, que o pastor tem reservas para sua alimentação do dia seguinte, assim ela se deita tranqüilamente. O texto declara que não precisamos nos sacrificar para obter as bênçãos de Deus. Pois Ele já providenciou tudo o que necessitamos, antes que viéssemos pedir.

V.2- Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso;
O pastor oriental sai com as ovelhas para o campo às 4:00 horas da manhã. Por volta das 10:00 horas, o sol já está quente, e as ovelhas começam a sentir calor, ficam cansadas e sedentas. Ele as leva para um canto fresco e sossegado daquelas pastagens verdejantes, e faz com que se deitem ali. Em repouso, começa a ruminar, sua maneira natural de proceder à digestão.

Por causa de sua pesada lã, as ovelhas são péssimas nadadoras, além de serem muito medrosas. Assim, seu instinto as conduz somente a águas paradas para matar sua sede. O pastor, conhecendo isso, as guia por montanhas e vales à procura de águas tranqüilas, para saciarem a sede.

Se não encontra um lugar tranqüilo, enquanto as ovelhas estão descansando, o pastor apanha algumas pedras e faz com elas uma espécie de represa no riacho, e, assim, até o menor dos cordeirinhos pode beber sem receio.

Deus conhece nossas limitações, e não nos condena por nossa fraqueza. Ele não nos força a ir aonde não nos sentiríamos seguros e felizes. O Senhor nunca exige de nós um serviço que esteja além de nossas energias e habilidades.

V.3- Refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome.
Refrigera-me a alma também significa:“Ele me restaura a vida”. Em alguns momentos o espírito humano perde o vigor e a disposição para lutar contra os percalços da vida.

Davi, ao escrever isso, lembrou-se que cada ovelha tinha um lugar específico na fila, e durante todo o dia ela conserva a mesma posição. Algumas vezes, porém, no decorrer do dia, elas deixavam seu lugar e se aproximavam do pastor. Ele colocava a mão no focinho ou na orelha do animal, coçava-o de leve e sussurrava algumas coisas ao seu ouvido. Reconfortada, a ovelha voltava ao seu lugar.

As ovelhas não possuem senso de direção, não enxergam mais que oito ou dez metros à sua frente. As campinas da Palestina eram cortadas por trilhas estreitas, pelas quais os pastores levavam o rebanho para o pasto. Algumas vezes, o pastor as guiava através de passagens íngremes e perigosas, mas os caminhos que passavam sempre dariam em um bom lugar.

Quando vamos pela vida, dando um passo de cada vez, nós andamos com ele nas “veredas justas”.

V.4- Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.
O termo “vale da sombra da morte”, significa, apriore, a morte física. Todavia, há outro significado é “o corredor sombrio”, e compreende todas as experiências duras e terríveis da vida. Alguém já falou do vale da sombra da morte, um vale que existe na Palestina, e vai de Jerusalém ao mar Morto. É uma trilha estreita e perigosa que corta as montanhas. Sendo um caminho árduo, é muito fácil uma ovelha precipitar-se ribanceira abaixo e morrer. É uma viagem difícil que ninguém deseja fazer. Contudo as ovelhas não a receiam, porque sabem que o pastor vai com elas.

O pastor sempre carrega uma vara pesado e duro, de cerca de sessenta centímetros a um metro de comprimento, e um cajado, de quase três metros. A ponta deste cajado é recurvada, formando um gancho. Muitas trilhas da Palestina vão margeando íngremes. Era muito fácil à ovelha desequilibrar-se e escorregar para o abismo, ficando suspensa apenas por uma saliência estreita.

Então o pastor estendia o cajado, encaixava-o no peito da ovelha, e a içava para cima, de volta ao caminho certo. A ovelha sente-se, instintivamente, protegida pelo cajado e pela vara que o pastor carrega. É o conforto de saber que o pastor é capaz de solucionar qualquer emergência que surgir.

...“a tua vara e o teu cajado me consolam.” Esta frase dissipa no coração do homem toda a ansiedade e o temor futuro.

V.5- Preparas-me uma mesa na presença dos meus adversários, unges-me a cabeça com óleo; o meu cálice transborda.
“Preparas-me uma mesa...” Nas campinas da Terra Santa, havia algumas plantas que, se ingeridas, seriam fatais para as ovelhas. Havia outras ainda que possuíam espinhos e arranhariam o focinho do animal, provocando ferimentos sérios. Antes de iniciar o período de pastagem, o pastor saía com um enxadão, e destruía aqueles “inimigos” da ovelha. Mais tarde, ele vinha e amontoava a erva já seca e a queimava. Depois disso, o pasto estava pronto para receber as ovelhas. Ele se tornava, por assim dizer, uma mesa preparada para elas. Os inimigos tinham sido afastados.

“...unges-me a cabeça com óleo...” No fim do dia, o rebanho está muito cansado, sem forças. O pastor se punha à entrada do aprisco e examinava uma por uma as ovelhas, aplicando óleo balsâmico nas que estivessem feridas, que ajudava a cicatriz-a-lo e evitava a infecção. O óleo era usado para impedir que moscas venenosas pousassem e machucassem as ovelhas. O óleo representa hoje, a unção do Espírito Santo de Deus. Quando há “óleo” na vida da ovelha de Cristo, moscas (tipologia de demônios) não pousam nela.

O pastor tinha também um vaso de barro, que conservava a água fresca, pelo processo da evaporação. À medida que cada ovelha se aproximava ele mergulhava na água uma grande caneca, e a estendia para o animal cheia até a borda.

Ao cair da noite, quando retornavam ao aprisco, o pastor examinava as ovelhas, uma a uma. O aprisco corresponde ao nosso momento de oração, de nossa comunhão com Deus. É o momento em que agradecemos a Deus por todas as dádivas recebidas durante o dia.

V.6- Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre.
O salmista tinha a convicção de que Deus conhece as necessidades de seus filhos e os atende, restaurando-os a vida e livrando-os do medo. Apesar das nuvens escuras que surgissem, tendo ele como Deus, estava certo de que o sol se levantaria no dia seguinte.

Ao declarar “...habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre.” Foi o conhecimento íntimo de Deus que deu a Davi a certeza da salvação eterna, de sua morada eterna na Casa do Senhor.